2008/06/11

Bons Augúrios - Neil Gaiman & Terry Pratchett

Como prometido há já bastante tempo, aqui fica a pseudo-crítica a mais um livro de Neil Gaiman que li em Abril passado, desta feita o Bons Augúrios, escrito a meias com outro autor de referência do fantástico, Terry Pratchett.

Ora bem, este livro não deixa de ser engraçado, como é o exemplo de atribuir a invenção da nouvelle cuisine à Fome (um dos Quatro Cavaleiros do Apocalipse) aquando de uma visita a Paris. Eu incluo esse 'episódio', na primeira parte do livro (até aí cerca da página 100), o qual não seixa de ser muito divertido e com um humor negro muito refinado e simultaneamente muito bem disposto. A partir daí, o livro deixa de entreter e divertir para se tornar verdadeiramente um bocejo, salvando-se apenas as notas de rodapé (que mantêm o tom humorístico do princípio do livro) e os Quatro Cavaleiros do Apocalipse (figuras que demonstram verdadeira capacidade de imaginação por parte dos autores, que os souberam adaptar muito bem a esta realidade em que o Anti-Cristo está vivo entre os seres humanos). No que a essas 4 figuras respeita, há apenas que fazer uma pequena correcção: o terceiro Cavaleiro do Apocalipse (aqui representado pela Poluição, mas originalmente a Pestilência) deveria transportar consigo um arco (e não uma coroa, como aqui acontece), para ser coerente com os versículos 4-6 do Capítulo 6 do Livro do Apocalipse. Mas isso não é grave, pois como já tive oportunidade de dizer, são os únicos rasgos de criatividade nestas 300 e tal páginas.

Este não foi, sem dúvida um dos melhores livros que tive oportunidade de ler nos últimos tempos, no entanto o que eventualmente saliento nele, para além do tom bem-diposto em que está escrito e que já referi, é o facto curioso de que a abordagem ao Mal nunca se poderá fazer sem a abordagem ao Bem. Crowley um demónio? Parecia tão anjo quanto Aziráfalo!

Além disso, o livro não deixa de ser interessante também por ser, a determinadas alturas, bastante crítico e mordaz, por exemplo, para com as cadeias americanas de fast food ou até mesmo para com os seres humanos como nós, como se pode atentar na seguinte citação: "Porque o cérebro humano não está equipado para ver a Guerra, a Fome, a Poluição e a Morte, quando não querem ser vistas, e aperfeiçoou a tal ponto essa capacidade que, muitas vezes consegue manter essa cegueira mesmo quando estão por todo o lado ao seu redor".

Vale a pena ler este livro, se para ele se tiver paciência.

7 estrelas (se tantas merece)

1 comentário:

Francisco Norega disse...

Eu li-o até meio, mais ou menos, e depois parei. Tenho de ver se o releio, porque já me lembro pouco dele =P

Força aí com o blog ;-)