2009/01/24

A Vida Secreta das Abelhas - Sue Monk Kidd

Bem, sempre que olhava para a estante, não sei porquê, este livro sobressaía em relação aos outros... Acho que o título me estava a deixar bastante curioso, por isso não resisti a pegar-lhe e a lê-lo duma assentada.

E não é que me surpreendeu? Não sei bem do que é que estava à espera de encontrar nestas páginas, mas de facto as minhas expectativas foram sobejamente superadas. Se primeiro pensava que era um livro levezinho e mais direccionado para o público feminino, enganei-me. Esta história de Sue Monk Kidd vai mais longe do que aquilo que se está à espera, especialmente graças ao pano de fundo histórico utilizado pela autora: década de 60 na Carolina do Sul (um dos Estados segregacionistas e mais racistas dos EUA). As personagens são vítimas de preconceito e injustiça (que hoje nos parecem absolutmanete ridículos e que custa a acreditar que há apenas 50 anos era o que acontecia na principal nação "civilizadora" do mundo). Acho que foi isso que acabei por apreciar mais no livro todo.

Depois temos a parte mais romântica da história: Lily e a sua demanda pela felicidade. Claro que acaba tudo por soar a cliché, além de parecer demasiado folhetinesco e inverosímil, mas pronto, nada que não consigamos perdoar à Sue Monk Kidd, pois, apesar de uma ou outra passagem menos bem conseguida, ela até tem jeito a contar a história.

Concluindo: não dei o tempo a ler este livro como mal empregue, pois no fundo fiquei surpreendido pela história que conta. Não é o meu livro favorito de sempre, mas acho que o relembrarei um dia mais tarde como um livro interessante.

8 estrelas

2009/01/19

Passeios Aleatórios pela ciência do dia a dia - Nuno Crato

Este livro contém diversas crónicas originalmente publicadas no Expresso. São muito interessantes e contêm curiosidades que não sabia. Mas é um livro relativamente pobre, uma obra de divulgação que fica pela superficialidade típica das crónicas de meia dúzia de linhas semanais. Não está em causa a grande qualidade do Nuno Crato como comunicador - que é patente - está em causa mais uma vez a diferença abissal entre um livro de ciência e uma colectânea de crónicas, que a meu ver deveria ser bem identificadas como tal na capa.

2009/01/18

O Périplo de Baldassare - Amin Maalouf

Acabei hoje mesmo de ler um livro de um autor com cujo nome me tenho deparado com muita frequência ultimamente. E foi sem dúvida uma leitura bastante agradável.

O livro conta a história de um homem que parte numa viagem pelo Mediterrâneo (e não só) em busca de um livro que atenuará os efeitos nefastos do Ano da Besta (1666). Este é o mote para que Amin Maalouf nos faça viajar pelas superstições europeias e médio-orientais, reconstituindo, não com grande rigor, mas ainda assim de forma satisfatória, todo o ambiente social, cultural e resligioso de meados do século XVII, na Europa e especialmente no Médio Oriente, dominado pelos Otomanos.

Claro que parece um pouco irrealista que a viagem de Baldassare seja motivada apenas pela crença supersticiosa de que um livro salve aquele que o possui, e além disso os acontecimentos que impelem o nosso protagonista a viajar cada vez para mais longe sucedem-se de forma algo inverosímil ou até mesmo folhetinesca. Mas conseguimos perfeitamente perdoar isso ao nosso amigo Maalouf, pois se há coisa em que ele tem jeito, é a narrar uma história e, por mais inverosímil que seja, não desilude em nada.

8 estrelas

2009/01/17

Uma Casa no Fim do Mundo - Michael Cunningham

Bem, devo dizer que ler este livro foi como um murro no estômago. Achei-o um bocadinho superior ao As Horas (livro do mesmo autor, bem mais famoso graças ao filme do mesmo nome e que valeu a Nicole Kidman o Óscar de melhor actriz em 2002), que também já tive oportunidade de ler, e que é, apesar de tudo, igualmente original.

A primeira parte desta livro foi a que realmente me surpreendeu pela forma como os acontecimentos são narrados... Se bem que na segunda parte continuam a ser abordados temas polémicos (SIDA, comportamentos sexuais promíscuos, o amor entre três pessoas, duas delas do mesmo sexo), julgo que não está tão bem arranjada como a primeira, o que torna o ritmo do livro um pouco mais lento, ainda que não necessariamente menos interessante.

No que respeita às personagens, Clare foi a que me pareceu menos verosímil, aquela que tinha uma identidade mais fictícia e sem a profundidade da personagem de Jonathan ou de Alice. Também Bobby acabou por me desiludir um pouco, pois estava à espera que fosse ele a personagem-chave da narrativa. No entanto, devo dizer que, se calhar, o mérito de Michael Cunningham está precisamente no facto de não haver uma personagem que se sobreponha às restantes e cada uma, à sua maneira, constrói uma história contada na primeira pessoa, mas em diferentes perspectivas, como a construção lenta de um puzzle. De facto, admiro qualquer autor que consegue a proeza de escrever um livro inteiro na primeira pessoa do singular, sendo que este Uma Casa no Fim do Mundo vai ainda mais longe com quatro eus a desenrolar o emaranhado novelo da(s) sua(s) vida(s).

Nota especial ainda para o facto da importância das músicas que vão sendo referidas ao longo do livro. É interessante ir confrontando a letra de cada uma com a parte da história em que está inserida para perceber que não foram ali postas ao acaso.

Sem dúvida que este Michael Cunningham foi uma agradável surpresa. Há já muito tempo que um autor americano não me surpreendia desta maneira (acho que o Dan Brown e companhia nos fazem esquecer que os EUA também têm bons escritores).

Por todas essas razões, acho que este é um livro bastante interessante e que vale a pena ler.

9 estrelas

2009/01/15

Os 12 livros que tenciono ler em 2009

Este ano tenciono ler, não necessariamente por esta ordem:

1. Guerrilla Learning, John Gatto
2. A última tentação de Cristo, Nikos Kazantzakis
3. O meu Michael, Amos Oz
4. Não matem o bébé, Kenzaburo Oé
5. Os Jardins da memória, Ohran Pamuk
6. Cultivo de Setas y Trufas, Garcia Rollan
7. Plantas Silvestres Comestibles
8. Breve História de Quase Tudo, Bill Bryson
9. A matemática das coisas, Nuno Crato
10. Este ofício de poeta, Jorge Luís Borges
11. Diário I, Miguel Torga
12. Do Espiritual na Arte, Wassily Kandinsky
13. Para Sempre, Vergílio Ferreira
14. A Terra e o Cosmos, Isac Asimov
15. O rochedo de Tanios, Amin Maalouf
16. O Guia do Pai, Kevin Nelson
17. O que farias se tivesses um pincel mágico que desse vida a tudo o que pintasses?, Jane M. Healy
18. Breve História dos Tractores em Ucraniano, Marina Lewycka
20. Sputnik, Meu Amor, Haruki Murakami
21. A vida do Irmão Roger, Kathryn Spink
22. Santo António de Lisboa, Ervino Helmle
23. A ilusão da economia, Karl Polanyi
24. Religião, Estado e Martírio no Islão, Ira M Lapidus e Farhad Khosrokhavar
25. Conversas no Adro da Igreja, JacquesGaillot e Eugene Drewermann
26. Ética, Espinosa
27. Minha vida e minhas experiencias com a verdade, Mohandas Karamchand Gandhi

2009/01/14

2009 Aqui vamos nós!

Os meus objectivos literários para este ano:

Desfazer-me da TBR* sem que isso signifique necessariamente desfazer a tbr, ou seja, ler os livros.

Eleger 12 livros que não quero deixar de ler este ano e lê-los.

Ler mais livros de ciência, filosofia e humanidades, por contraposição à ficção.

Ler pelo menos 2 livros por mês, de preferência 3. Seria extraordinário se chegasse a 1 por semana.

Fazer bons comentários, ainda a fresco, quer nas JE´s quer no Companhia das Letras.

* tbr é a lista de livros para ler (to be read). Reservo essa designação para os livro do Bookcrossing.