2010/12/02

A Viagem do Elefante - José Saramago

Terminada a leitura deste livro, fiquei com a ideia de que estava à espera de algo diferente. De facto, foi um livro que não me surpreendeu tanto como eu gostaria que me surpreendesse. A história tem tanto potencial...

Não é que Saramago não a saiba aproveitar. No entanto, aqui como em quase todos os seus romances (à excepção de 3 ou, quanto muito, 4) o autor perde-se na narração e à medida que nos vamos aproximando do fim da história, fica a sensação de que perdeu demasiado tempo com prolixidades desnecessárias para depois acabar tudo atabalhoadamente. Saramago deixa-nos com aquela vaga sensação de que estivemos quase a chegar ao patamar do sublime, mas que, por falta de gasolina, ficámos a meio caminho.

Não quero ser injusto e dizer que este livro não vale a pena ser lido. Antes pelo contrário, é até um dos melhores que dele li nos últimos tempos. De facto, há sempre umas quantas passagens que são muito interessantes (veja-se as perspicazes observações da personagem Subhro), e ninguém como Saramago para narrar acontecimentos como se os tivesse presenciado, mas com os olhos do presente, não sem deixar cair aqui e ali umas pitadinhas, qual sal e pimenta nos seus romances, dos seus tão característicos sarcasmo e ironia. Ah, neste sentido não podemos deixar de acrescentar o engraçado que é ver Saramago atirar umas quantas farpas à Igreja Católica. Que zangado que ele andava com ela para o fim da vida...

Enfim, um bom livro, mas não um livro memorável.

7 estrelas