2008/02/01

O Mesmo Mar, Amos Oz

Eu arriscaria dizer que as opiniões das pessoas que lêem este livro se poderão dividir entre: aqueles que perceberam o que leram e gostaram, aqueles que perceberam e não gostaram e aqueles que pouco perceberam e mesmo assim gostaram. Eu incluo-me neste último grupo.

Este livro é uma autêntica manta de retalhos, bocados de textos que formam um padrão quase disconexo, mas mesmo assim ligados uns aos outros pelos fios da imaginação (ou será da loucura?) deste autor israelita. Os vários planos narrativos da história intersectam-se todos, inclusive o do narrador (que é assumidamente o autor) que, de forma muito estranha, também participa na acção que ele próprio narra, interagindo com as personagens (ou melhor, as personagens interagem com ele) por ele não-criadas.Tudo é estranho neste livro: Nadia, apesar de morta, continua presente, e mantém ou manteve uma relação quase incestuosa com Rico, o qual por sua vez abandonou a namorada e partiu para o Tibete, e por quem Albert acabará por se apaixonar. Tudo está relacionado entre si, por mais absurdo (ou será surreal) que seja. É uma história que não tem princípio, nem fim, ou em que o fim não é o fim e o princípio dificilmente é o princípio. Cada um que a ler que escolha a opção que mais lhe agradar...

No fundo, gostei bastante deste livro por ser esta coisa meio esquisita, em que o que é pode não ser e em que o que não é, não será. Se eu fosse escritor, era assim que gostava de escrever.

8 estrelas

1 comentário:

Lica Richa. disse...

A relação entre os personagens, freud explica...a relação do autor-narrador-participante ativo é que é surreal..rss
Estou adorando!
O formato dos textos e de todo o livro é deliciosamente instigante, poético e criativo: bem-sucedido.