2006/04/20

Quando Nietzsche chorou - Irvin D. Yalom


Há muito que dizer sobre este livro e o seu escritor Irvin D.Yalom, que eu desconhecia em completo. Tentarei ser concisa (coisa que me é difícil) e não estragar futuras leituras...

Começo por dizer que a leitura se torna, eventualmente, mais estimulante para quem já se encontrou com Nietzche e, em algum ponto da sua vida, teve o tempo e a vontade necessários para conhecer o Super-Homem e o Zaratustra. Mas, por outro lado, quem os desconhece ficará, por ventura, com vontade de os procurar.

Adorei a discussão filosófica transversal a todo o livro, que desvenda aos poucos o estranho, cruel e áspero Nietzche "É preciso ter caos e frenesim dentro de si para dar à luz uma estrela dançarina." (Pág.191)
Eu diria mesmo que é este o ponto alto do livro, a dialéctica entre o homem que matou Deus e leva esse peso às costas e o homem comum (que "tem mulher e filho e tralha e tal") com as questões e dúvidas existenciais comuns dos homens de quarenta anos. E essa discussão é feita, magistralmente, mantendo a força dos monólogos intercalados nos diálogos, dando-nos a possibilidade de 'ouvir' cada interveniente sem perder o seu diálogo interior.

Claro que a rota final do livro é uma verdadeira montanha-russa de emoções, mas quanto a mim acaba por pecar um pouco pelo simplismo com que é dada a volta final.

Pareceu-me que a questão da 'descoberta de um tratamento para o desespero através da conversa’ e a participação de um tal aspirante a médico de nome Freud funcionam mais como estandartes publicitários para o romance do que propriamente parte integrante da acção.

A abordagem das relações humanas, como a amizade, o amor e a sexualidade baseadas numa relação de poder dominante/dominado; a solidão e a capacidade de viver em sociedade sem nos deixarmos 'levar ou afogar' por ela são, para mim, as verdadeiras pérolas deste livro.

Fiquem em 'boa companhia'!

1 comentário:

Anónimo disse...

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