2009/07/23

O Diário de Zlata - Zlata Filipović

No geral, gostei bastante deste livro. Já tinha ouvido falar dele (quem não terá ouvido?) e tinha algum interesse em lê-lo. Acabei por ficar foi bastante surpreendido com esta "personagem" que é a Zlata Filipović, que realmente existiu e que de facto escreveu um diário que acabou por se tornar num dos mais importantes documentos da Guerra que arrasou a ex-Jugoslávia. É incrível vermos nestas páginas que uma criança de apenas 11-12 anos tinha um discernimento tão grande sobre o que a rodeava:

"Quinta-Feira, 19 de Novembro de 1992
(...) Entre os meus colegas, os meus amigos, a nossa família, há sérvios, croatas, muçulmanos. É um grupo muito misturado, e eu nunca soube quem era sérvio, quem era croata, quem era muçulmano. Agora, a política meteu o nariz e pôs um «S» nos sérvios, um «M» nos muçulmanos e um «C» nos croatas. Quer separá-los. E para escrever essas letras, usou o pior, o mais negro dos lápis. O lápis da guerra, que só escreve infelicidade e morte."

Para mim foi ainda mais interessante ler este livro, pois eu próprio, em 2007 (mais de 10 anos depois da guerra!), tive oportunidade de visitar Sarajevo e ver com os meus próprios olhos a destruição que uma guerra originada pela mesma razão estúpida de sempre (o nacionalismo, sempre o nacionalismo) provocou, levando a que inocentes sofressem desnecessariamente.

"Segunda-Feira, 29 de Junho de 1992 Dear Mimmy, ESTOU FARTA DOS TIROS DOS CANHÕES! E DOS OBUSES! E DOS MORTOS! E DO DESESPERO! E DA FOME! E DA TRISTEZA! E DO MEDO! A minha vida é isto! Não se pode criticar uma estudante inocente, de 11 anos, por querer viver. Uma estudante que já não vai à escola, que não tem alegria, que não tem as emoções dos estudantes. Uma criança que já não brinca, que não tem amigos, nem sol, nem pássaros, nem natureza, nem frutos, nem chocolates, nem bombons, só um bocadinho de leite em pó. Em resumo, uma criança que não tem infância, uma criança da guerra. Agora é que de facto compreendo que estou a viver uma guerra, que sou testemunha de uma guerra suja e repugnante (...)"

Gostei de ler este livro, por ser uma leitura em que é fácil embrenharmo-nos.

7,5 estrelas

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