
Um livro que sempre me despertou a atenção, mas que por ironia do destino nunca tive a oportunidade de ler. Bem, pelo menos até à 1 mês atrás, altura em que o encontrei à venda e não perdi a oportunidade.
A experiência não começou nada bem, por devido a uma grande dose de insensatez, o editor decidiu colocar um critica feita por Jean-Paul Sartre como introdução. Um grande erro, porque a critica de Sartre é aquilo que uma critica deve ser, contando partes do livro, dando-nos conta de sequência, dando-nos conta do que Sartre considera os pontos-chave, a sua interpretação e levando-nos a antever parte do final da obra. Ou seja, antes de ler o livro, eu já sabia o que ia acontecer. Assim à medida que eu ia lendo O Estrangeiro a minha única interrogação era quando é que isto ou aquilo ia acontecer. Enfim, uma grande falta de sensatez, que mata o grande prazer de ler um livro, que é o prazer da descoberta.
O livro em si é estranho em parte devido “àquilo” que Sartre caracteriza como “uma escrita cheia de silêncios”. È o primeiro livro do estudo do absurdo que irá acompanhar Camus durante grande parte da sua carreira.
3 comentários:
Curiosamente também li há muito pouco tempo este livro. Curiosamente, também tinha a crítica do Sartre no princípio.
Gostei mesmo muito do livro, não pela forma de escrever de Camus (embora no fim tenha reconhecido que o livro está muito bem escrito, mesmo com as frases tipo telegrama), mas porque me identifiquei profundamente com o Mersault.
Talvez um dos melhores livros que li nos últimos tempos e em toda a minha vida. A reler daqui a uns anos.
Eu também li, ou reli (tive um certo dejá-vu) o "Estrangeiro" há pouco tempo, mais precisamente, numa noite do fim de Novembro, quando, depois de uma conversa igualmente absurda que metia Camus pelo meio...
Achei, por isso, que me estavam a condenar à morte por, também eu, não me emocionar com nada e viver sem grandes ou, pelo menos, definidas ambições. Estavam de facto a condenar-me à morte. E houve de facto uma morte - de uma amizade, desencadeada por essa forte e absurda discussão. Foi triste.
Mas o livro é muito bom. Muito cinematográfico. E estou totalmente solidária com o Meursault! Danem-se!
mariadocostume@bookcrossing
ah! O meu exemplar não tinha essa crítica do Sartre! :P
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