2007/11/07

Cemitério de Pianos

Tinha uma espectativa bastante elevada quando comprei este livro, afinal sou fâ incondicional da poesia de Peixoto e, embora algumas das suas crónicas no JL me deixem uma pontinha de desilusão, estava muito curiosa em relação a este tão publicitado livro.


Francisco Lázaro (personagem inspirado no primeiro português a correr a maratona Olímpica em Estocolmo no ano de 1912, que morreu de insolação ao fim dos primeiros 30 quilómetros), é o centro deste romance, tudo o resto gira elípticamente em redor desta família em sequências alternadas e muito ritmadas.

O livro começa com uma atmosfera pesadíssima, diria mesmo macabra que, embora se vá diluindo, se respira em toda a leitura. Esta sabor azedo é-nos dado por esta família que nos vai revelando catátrofe atrás de catástrofe o alcoolismo, a traição, a violência doméstica, o ciúme, a tristeza, a insegurança, as carências afectivas e a morte, sempre a morte.

Apesar de tudo não posso dizer que não gostei do livro. Gostei muito de algumas ideias como a neta que conversa com o narrador, seu avô falecido, embora me pareça que não passa disso mesmo, uma ideia engraçada mas que se mostra infrutífera no desenrolar do livro. Há também um certo optimismo, apesar de tudo, na renovação expressada na metáfora do título, e nos próprios pianos "mortos" que guardam peças que renovarão outros e na forma cadenciada com que a família se renova. E claro, o ritmo dado pela forma alternada (em alguns momentos quase Lobo Antuniesca) com que avô e neto nos são revelados, levando mesmo em algumas alturas à confusão entre os vários tempos e espaços.

Feitas as contas não gostei muito. As expectativas eram demasiado altas? A atmosfera é demasiado negra para mim? O livro é mesmo um flop?

Deixarei no ar para quem quiser responder.

Continuem em boa companhia!

1 comentário:

InéesAveiro disse...

Olá! Encontrei este blogue enquanto procurava uma informação sobre um poema de José Luis Peixoto. Eu já li este livro e fiquei maravilhada, devo dizer. É completamente diferente, é mesmo disso que se trata - um livro diferente. Aconselho o "Antídoto" deste mesmo escritor. É ainda mais diferente e, um pormenor caso siga o meu conselho: leia o livro duas vezes, para acontecer o tal "click" em que se percebe a história toda. Gostei do blogue. Beijos (: