Uma escrita finamente urdida, escolhida palavra a palavra. As imagens são impressivas, nem sempre bonitas, nem sempre alegres, mas sempre fortes. Isto é o que podemos dizer de bom sobre o livro. Tudo o resto é a história de uma oportunidade perdida: personagens que se perdem em embrião, uma péssima utilização de diferentes narradores, cuja identidade nos é dada pela sua posição na história e não por uma diferente forma de expressão.
Uma escrita triste, uma história triste, uma opção pela tristeza, falando sempre do que corre mal mais do que do que corre bem, enfatizando os problemas, os dramas, a tristeza. É um livro deprimido.
A capa é muito bem escolhida (dá gosto passear um livro com uma capa tão bonita) e curiosamente a escrita de JLP tem afinidades claras com a pintura de Paula Rego no que ambas têm de cuidado, de força e de tristeza, de uma tristeza intencional, irremível, irreal.
Não, não gostei, sobretudo porque podia ter gostado muito.
2005/11/23
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4 comentários:
Se não gostas do Nenhum Olhar, então não gostas de nada. Já para não dizer que os teus gostos deixam um pouco a desejar... Nenhum Olhar é um livro extraordinário.
Se tu o dizes, Marta, deves ter razão. Aliás, gostar do Nenhum Olhar devia ser obrigatório, não achas?
Li-o há já algum tempo... Não me lembro exactamente de todas as personagens (uma cozinheira? dois irmãos gémeos siameses? um José?) nem de toda a história. Mas lembro-me que gostei. Aliás, foi um dos livros que julgo ter gostado mais de ler. Talvez por essa tristeza amarga que JLP consegue sempre transportar para as páginas dos seus livros. Mas isso sou eu, que gosto de coisas tristes e que não acredito que haja mais coisas a correr bem do que a correr mal.
É, no entanto, um livro que tenho de reler.
Keep up the good work. thnx!
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