2010/05/21

O Mundo de Sofia - Jostein Gaarder

E as minhas expectativas não saíram frustradas! De Jostein Gaarder já li A Rapariga das Laranjas, mas sinceramente o autor norueguês não me convenceu com ele. No entanto, com O Mundo de Sofia consegui perceber por que se tornou tão famoso este escritor.

A primeira vez que ouvi falar deste livro foi por altura do 10º ano, quando a minha professora de Introdução à Filosofia nos deu excertos dos primeiros capítulos, acerca do que faz um verdadeiro filósofo. Foi essa lembrança que me fez ter sempre uma imensa curiosidade em lê-lo. E agora que já está lido, posso dizer que gostei bastante desta viagem pela História da Filosofia Ocidental, desde os filósofos pré-socráticos, até aos existencialistas de meados do século XX.

(se não gostarem de spoilers, evitem ler o próximo parágrafo)

Porém... Devo dizer que fiquei um pouco surpreendido com a reviravolta a meio da narrativa, quando ficamos a saber que tudo brota da mente de um soldado das forças de paz estacionadas no Líbano em 1990. Mais estranho seria difícil e para se ter a noção de quão estranho é, só mesmo lendo o livro! Claro que compreendo que essa opção surja no preciso momento em que se fala de Berkeley, tendo como objectivo fazer-nos (a nós, os leitores) pensar sobre o mundo que nos rodeia (será isto tudo real?), mas torna a história esquisita, além de não estar em concordância com o seu início (por que é que só a meio é que a Sofia começa a ver personagens estranhas, e não logo desde o início?). Também não gostei especialmente do final, com Alberto e Sofia a vaguear por aí, pois não me pareceu uma conclusão satisfatória para as personagens.

(fim dos spoilers)

Mas uma coisa é certa: adorei esta súmula da Filosofia Ocidental, enquadrada historicamente, transmitida de uma forma claríssima. Senti que faltaram alguns filósofos que, mesmo não sendo importantíssimos, ajudariam a estabelecer e compreender melhor as matrizes por que se pauta a nossa cultura, nomeadamente no que ao plano político diz respeito (Maquiavel, Hobbes, Nietzsche). Por outro lado, pareceu-me estranha a inclusão de Charles Darwin e de Freud num curso de Filosofia, apesar de perceber que eles lá estão, assim como o capítulo final, o do Big Bang, para relativizar a nossa importância e a nossa concepção do ser humano no universo.Enfim, quanto ao conteúdo, acho que muito se pode extrair deste livro e é por isso que acho que vale muito a pena lê-lo.

8 estrelas